A Rotatória da Marambaia: um cruzamento de gente e
comunicação.
Por: Rafael Nascimento Mendes - LEAFAR
A ocupação da região que hoje conhecemos
como Marambaia (velha), iniciou-se na década de 40,
quando os então moradores da área, onde hoje fica o aeroporto internacional de
Belém (Val-de-Cans) e do conjunto da aeronáutica (Avenida Bernardo Saião) foram
deslocados por conta da reorganização estratégica militar dos espaços
pertencentes ao Ministério da Defesa e da Guerra do Brasil na época.
Os moradores mais antigos do bairro
afirmam que quando chegaram nesta área, o que hoje é a Avenida Tavares Bastos,
era apenas um caminho de piçarra, cercado por mata densa. O Caminho
ligava a área da Marinha (hoje Rodovia Augusto Montenegro) à estrada do trem
(Avenida Almirante Barroso).
O bairro da Marambaia faz
limites com os seguintes bairros: noroeste: Val-de-Cans, norte: Mangueirão, leste e sudoeste: Sacramenta, sul: Sousa e sudeste: Castanheira. Localiza-se próximo a saída da cidade e a Rodovia Augusto Montenegro, principal via de acesso para os distritos de Icoaraci e Outeiro. É um bairro que está crescendo atualmente, e está sendo
valorizado no mercado imobiliário. Estão sendo construídos vários prédios
residências em torno da Marambaia.
Neste post, apresentarei algumas ferramentas de comunicação comunitária na rotatória do bairro (raio de 50m), que fica no final da Avenida Tavares, cortando a Avenida Rodolfo Chemont, por ser um ponto de fluxo intenso de pessoas (não somente as que moram no bairro) e que é extremamente aproveitado pelo comercio local e por instituições diversas.
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Recorte do google/maps/graficos |
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Recorte do google/maps/satelite |
As lojas da área e suas formas de
comunicação.
Em observação de campo, percebi que a
maioria das lojas no raio de 50 metros da rotatória da Marambaia usavam o mesmo
tipo de comunicação, que de forma básica podemos definir como placas nas
faixadas, banners informativos, cavaletes removíveis e arrumação do espaço
externo das lojas com a finalidade de informar e chamar a atenção dos
transeuntes pela simples exposição de seus produtos.
A exemplo deste último item, temos a
loja do senhor Fabio – FBD Variedades – que se apropria de um pedaço da calçada
sul da avenida Tavares Bastos (sentido rotatória Av. Almirante Barroso), para
poder colocar sua vitrine e chamar a atenção de quem passava por ali para os
seus produtos.
“Não adianta gastar muito dinheiro
fazendo propaganda se as pessoas não vão ver e não gostarem dos produtos que
vendemos”, diz o Sr. Fábio, proprietário da loja, e completa: “a melhor
campanha é deixar o produto perto do cliente”.
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FOTO: Leafar Rafael |
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Semelhante a ‘FBD Variedades’, expondo
seu produto e com parte da sua estrutura de preparo ocupando toda a sua área da
passarela (calçada norte- sentido Almirante Barroso para Rodolfo Chermont) encontrei
outro comercio; mas dessa vez o uso do espaço público não é uma estratégia de
marketing proposital e sim uma forma de expansão de sua área de comercio. O
‘Bacanas Brocas’ faz comercio de alimentos e utiliza a calçada como salão de
alimentação para seus clientes, com mesas e cadeiras organizadas para atender
seus clientes.
O curioso é que mesmo sem ser de forma
proposital, os proprietários da lanchonete/restaurante comunicam e chamam a
atenção da comunidade para o seu espaço de venda.
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FOTO: Leafar Rafael |
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FOTO: Leafar Rafael |
Por conta de todo o entorno da rotatória
ser expressivamente comercial, foi comum encontrar empreendimentos que utilizam
além de suas fachadas para identificar seus comércios, a utilização de banners
e placas nas calçadas como um reforço na indicação das lojas e servindo como menu de seus serviços.
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FOTO: Leafar Rafael |
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Uma outra curiosidade que encontrei
nesse raio de 50 metros foi a utilização de informes utilizando toda o espaço
disponível em seus prédios, sejam esses indicando o tipo de empreendimento que
funciona naquele espaço e/ou apresentando os tipos de serviços que oferecem e
seus respectivos valores.
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FOTO: Leafar Rafael |
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Também identifiquei que algumas lojas
utilizavam seus espaços para promover/informar a comunidade mesmo quando
estivessem fechados.
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Foi comum encontrarmos nos portes de
energia elétrica daquela área banners com informes de serviços que não eram
oferecidos naquele espaço.
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Além dos comércios mais ‘simples’, a
rotatória da Marambaia também possui diversos empreendimentos de grande porte,
em especifico, no raio abordado nesta
pesquisa, destacamos a rede de ‘farmácias Extrafarma’, além de sua faixada
padronizada, informa e interage com a comunidade com folders, revistas próprias
da rede, página na web e com diversas campanhas promocionais com relação aos
elementos do cotidiano social da localidade; inclusive, este último item foi
apontado pelo gerente da loja Rodolfo Chermont com um dos mais importantes e
que tem maior receptividade da comunidade.
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FOTO: Leafar Rafael |
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Imagem da Internet |
O comércio de alimento, varejo e
serviços são as atividades que mais movimentas a área da rotatória da
Marambaia, um espaço que assumiu esta característica naturalmente, por ser um perímetro
que tem grande circulação de pessoas e serve como tríplice fronteira, dividindo
os conjuntos Mendara, Médice I e Marambaia livre*.
Nesta região, a organização que utiliza
de forma mais frequente e incisiva as ferramentas da comunicação comunitária é
a Igreja Universal, que além de sua fachada imponente, sempre mantem as suas
portas abertas e com pessoas disponíveis a atender toda a comunidade, além da
utilização de ações de evangelização e propagação de seus princípios quanto
religião, através de um contato direto ‘corpo à corpo’ e distribuição de
jornais próprios da entidade e folders informativos.
A igreja possui ação frequentes junto à
comunidade, buscando sempre oferecer-lhes conforto espiritual e prosperidade.
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FOTO: Leafar Rafael |
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Os jovens da igreja informaram que é uma
honra poder atuar no acolhimento da comunidade e poder participar de forma
construtiva da vida das pessoas. A igreja informa que todos os ‘obreiros’ (uma
das nomenclaturas que os voluntários da instituição recebem por atuarem nas
obras da organização) passam por treinamento e preparação espiritual para
poderem atuar com propriedade e conhecimento nas atividades que promovem.
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FOTO: Leafar Rafael |
Uma outra atividade bem curiosa que
percebi na rotatória, por ser área de grande circulação de pessoas, foi a
utilização do espaço para campanhas eleitorais. Uma ação estratégica e muito
bem pensada, com o objetivo de gravar na mente do eleitor (mesmo que de forma
inconsciente) a figura daquele candidato.
Ação que nesta eleição de 2014 já vem
obedecendo normativas que visam, além do investimento excessivo de valores, a
poluição visual e física da cidade e seus espaços públicos; nota-se estais
ações no uso de cavaletes removíveis para o uso dessas campanhas, sendo estes,
postos e retirados todos os dias em horários determinados pela justiça
eleitoral.
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FOTO: Leafar Rafael |
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Percebi que toda ação se comunica, seja
de modo pensado e/ou involuntário, pela simples cultura de se informar, pela
necessidade de informar, em busca sempre de um retorno individual, porém,
muitas vezes com benefícios coletivos.
Notei que além dos prédios que estão em
atividade, a área tem outros que tiveram suas ações encerradas e foram postos à
venda, entretanto, mesmo assim continuaram atuando na comunicação comunitária.
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FOTO: Leafar Rafael |
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Nesta pesquisa de campo e pelas
entrevistas que realizei para construção deste post, percebi que pelas práticas
e formas de comunicação desenvolvidas pela comunidade (especificamente
comercial) do entorno da Rotatória da Marambaia são bem características do
conceito (ainda em construção) de comunicação
pública no que é conhecida como ‘comunicação comunitária e/ou alternativa’.
Uma notável estratégia de comunicação da sociedade civil organizada.
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