domingo, 31 de agosto de 2014

A Rotatória da Marambaia: um cruzamento de gente e comunicação.

A Rotatória da Marambaia: um cruzamento de gente e comunicação.

Por: Rafael Nascimento Mendes - LEAFAR

A ocupação da região que hoje conhecemos como Marambaia (velha), iniciou-se na década de 40, quando os então moradores da área, onde hoje fica o aeroporto internacional de Belém (Val-de-Cans) e do conjunto da aeronáutica (Avenida Bernardo Saião) foram deslocados por conta da reorganização estratégica militar dos espaços pertencentes ao Ministério da Defesa e da Guerra do Brasil na época.

Os moradores mais antigos do bairro afirmam que quando chegaram nesta área, o que hoje é a Avenida Tavares Bastos, era apenas um caminho de piçarra, cercado por mata densa. O Caminho ligava a área da Marinha (hoje Rodovia Augusto Montenegro) à estrada do trem (Avenida Almirante Barroso).

O bairro da Marambaia faz limites com os seguintes bairros: noroeste: Val-de-Cans, norte: Mangueirão, leste e sudoeste: Sacramenta, sul: Sousa e sudeste: Castanheira. Localiza-se próximo a saída da cidade e a Rodovia Augusto Montenegro, principal via de acesso para os distritos de Icoaraci e Outeiro. É um bairro que está crescendo atualmente, e está sendo valorizado no mercado imobiliário. Estão sendo construídos vários prédios residências em torno da Marambaia.

Neste post, apresentarei algumas ferramentas de comunicação comunitária na rotatória do bairro (raio de 50m), que fica no final da Avenida Tavares, cortando a Avenida Rodolfo Chemont, por ser um ponto de fluxo intenso de pessoas (não somente as que moram no bairro) e que é extremamente aproveitado pelo comercio local e por instituições diversas.

Recorte do google/maps/graficos
Recorte do google/maps/satelite
  
As lojas da área e suas formas de comunicação.
Em observação de campo, percebi que a maioria das lojas no raio de 50 metros da rotatória da Marambaia usavam o mesmo tipo de comunicação, que de forma básica podemos definir como placas nas faixadas, banners informativos, cavaletes removíveis e arrumação do espaço externo das lojas com a finalidade de informar e chamar a atenção dos transeuntes pela simples exposição de seus produtos.

A exemplo deste último item, temos a loja do senhor Fabio – FBD Variedades – que se apropria de um pedaço da calçada sul da avenida Tavares Bastos (sentido rotatória Av. Almirante Barroso), para poder colocar sua vitrine e chamar a atenção de quem passava por ali para os seus produtos.

“Não adianta gastar muito dinheiro fazendo propaganda se as pessoas não vão ver e não gostarem dos produtos que vendemos”, diz o Sr. Fábio, proprietário da loja, e completa: “a melhor campanha é deixar o produto perto do cliente”.

FOTO: Leafar Rafael

FOTO: Leafar Rafael

Semelhante a ‘FBD Variedades’, expondo seu produto e com parte da sua estrutura de preparo ocupando toda a sua área da passarela (calçada norte- sentido Almirante Barroso para Rodolfo Chermont) encontrei outro comercio; mas dessa vez o uso do espaço público não é uma estratégia de marketing proposital e sim uma forma de expansão de sua área de comercio. O ‘Bacanas Brocas’ faz comercio de alimentos e utiliza a calçada como salão de alimentação para seus clientes, com mesas e cadeiras organizadas para atender seus clientes.

O curioso é que mesmo sem ser de forma proposital, os proprietários da lanchonete/restaurante comunicam e chamam a atenção da comunidade para o seu espaço de venda.
FOTO: Leafar Rafael
FOTO: Leafar Rafael

Por conta de todo o entorno da rotatória ser expressivamente comercial, foi comum encontrar empreendimentos que utilizam além de suas fachadas para identificar seus comércios, a utilização de banners e placas nas calçadas como um reforço na indicação das lojas e servindo como menu de seus serviços.

FOTO: Leafar Rafael
FOTO: Leafar Rafael
FOTO: Leafar Rafael

FOTO: Leafar Rafael

Uma outra curiosidade que encontrei nesse raio de 50 metros foi a utilização de informes utilizando toda o espaço disponível em seus prédios, sejam esses indicando o tipo de empreendimento que funciona naquele espaço e/ou apresentando os tipos de serviços que oferecem e seus respectivos valores.

FOTO: Leafar Rafael
FOTO: Leafar Rafael

Também identifiquei que algumas lojas utilizavam seus espaços para promover/informar a comunidade mesmo quando estivessem fechados.

FOTO: Leafar Rafael
FOTO: Leafar Rafael

Foi comum encontrarmos nos portes de energia elétrica daquela área banners com informes de serviços que não eram oferecidos naquele espaço.

FOTO: Leafar Rafael
FOTO: Leafar Rafael

Além dos comércios mais ‘simples’, a rotatória da Marambaia também possui diversos empreendimentos de grande porte, em especifico,  no raio abordado nesta pesquisa, destacamos a rede de ‘farmácias Extrafarma’, além de sua faixada padronizada, informa e interage com a comunidade com folders, revistas próprias da rede, página na web e com diversas campanhas promocionais com relação aos elementos do cotidiano social da localidade; inclusive, este último item foi apontado pelo gerente da loja Rodolfo Chermont com um dos mais importantes e que tem maior receptividade da comunidade.


FOTO: Leafar Rafael
FOTO: Leafar Rafael

Imagem da Internet
O comércio de alimento, varejo e serviços são as atividades que mais movimentas a área da rotatória da Marambaia, um espaço que assumiu esta característica naturalmente, por ser um perímetro que tem grande circulação de pessoas e serve como tríplice fronteira, dividindo os conjuntos Mendara, Médice I e Marambaia livre*.

Nesta região, a organização que utiliza de forma mais frequente e incisiva as ferramentas da comunicação comunitária é a Igreja Universal, que além de sua fachada imponente, sempre mantem as suas portas abertas e com pessoas disponíveis a atender toda a comunidade, além da utilização de ações de evangelização e propagação de seus princípios quanto religião, através de um contato direto ‘corpo à corpo’ e distribuição de jornais próprios da entidade e folders informativos.

A igreja possui ação frequentes junto à comunidade, buscando sempre oferecer-lhes conforto espiritual e prosperidade.

FOTO: Leafar Rafael
FOTO: Leafar Rafael
Os jovens da igreja informaram que é uma honra poder atuar no acolhimento da comunidade e poder participar de forma construtiva da vida das pessoas. A igreja informa que todos os ‘obreiros’ (uma das nomenclaturas que os voluntários da instituição recebem por atuarem nas obras da organização) passam por treinamento e preparação espiritual para poderem atuar com propriedade e conhecimento nas atividades que promovem.

FOTO: Leafar Rafael
Uma outra atividade bem curiosa que percebi na rotatória, por ser área de grande circulação de pessoas, foi a utilização do espaço para campanhas eleitorais. Uma ação estratégica e muito bem pensada, com o objetivo de gravar na mente do eleitor (mesmo que de forma inconsciente) a figura daquele candidato.

Ação que nesta eleição de 2014 já vem obedecendo normativas que visam, além do investimento excessivo de valores, a poluição visual e física da cidade e seus espaços públicos; nota-se estais ações no uso de cavaletes removíveis para o uso dessas campanhas, sendo estes, postos e retirados todos os dias em horários determinados pela justiça eleitoral.

FOTO: Leafar Rafael
FOTO: Leafar Rafael
 Percebi que toda ação se comunica, seja de modo pensado e/ou involuntário, pela simples cultura de se informar, pela necessidade de informar, em busca sempre de um retorno individual, porém, muitas vezes com benefícios coletivos.


Notei que além dos prédios que estão em atividade, a área tem outros que tiveram suas ações encerradas e foram postos à venda, entretanto, mesmo assim continuaram atuando na comunicação comunitária.

FOTO: Leafar Rafael
FOTO: Leafar Rafael
FOTO: Leafar Rafael
Nesta pesquisa de campo e pelas entrevistas que realizei para construção deste post, percebi que pelas práticas e formas de comunicação desenvolvidas pela comunidade (especificamente comercial) do entorno da Rotatória da Marambaia são bem características do conceito (ainda em construção) de comunicação pública no que é conhecida como ‘comunicação comunitária e/ou alternativa’. Uma notável estratégia de comunicação da sociedade civil organizada.

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